A pedido da minha Editora-chefe, quero apresentar a vocês um pouco dos cortes do governo, para que assim vcs possam analisar como é diferente uma crise no Primeiro Mundo. Vou relatar apenas três tópicos.
Interligando Cultura Brasileira, Européia, e impressões pessoais sobre a cultura local.
quarta-feira, 7 de julho de 2010
A crise na Inglaterra - aos olhos de um brasileiro ( post encomendado pela editora-chefe)
A pedido da minha Editora-chefe, quero apresentar a vocês um pouco dos cortes do governo, para que assim vcs possam analisar como é diferente uma crise no Primeiro Mundo. Vou relatar apenas três tópicos.
sábado, 19 de junho de 2010
Cazuza, Jô, cigarro e ideologia
Saudades do tempo em que os partidos ainda possuiam ideologia.
terça-feira, 15 de junho de 2010
Copa do Mundo sem Galvão: as vantagens de se ter uma BBC
Estou nesse momento a assistir italia e Paraguai em casa. O jogo é transmitido pela BBC. Muitas diferenças tornam a experiência deveras distintas da que eu tinha até então.
Uma das coisas mais interessantes da TV na Inglaterra é a interatividade. As principais redes (bbc, ITV, 4 e Channel 5) disponibilizam conteúdos que podem ser acessados através de botøes que os controles remotos aqui possuem (mesmo as tv's antigas - a nossa é uma de tubo - ainda nao entramos pro universo da High Definition). Nessa programação paralela se pode acessar a qualquer momento, p.ex., um boletim com as principais notícias do dia, a previsão do tempo (mão na roda pra Pérola, viciada que é em um forecast), comentários de Política, Cultura etc.
No caso da Copa do mundo, meu grande problema está definitivamente resolvido: dá pra acessar diariamente os melhores momentos de qualquer um dos 3 ultimos jogos! E o melhor é que não se trata de mero resuminho de 2 minutos - de modo geral possuem cerca de 10-12 minutos*, o que garante um mínimo de informação com relação aos jogos.
(*obviamente alguns jogos sao tao monótonos que o editor tem que fazer milagre pra encontrar 4 minutos de bons momentos).
E não pára por aí: assistindo ao jogo, pode-se escolher 3 opçøes de áudio: narração, comentaristas, ou o som ambiente.
(aí eu lembrei que, quando do jogo da Inglaterra, ''cala boca, Galvão'' foi a frase mais postada mundialmente no Twitter)... Se houvesse no Brasil essa opcão, provavelmente o Galvão já estaria desempregado há algum tempo :-)
terça-feira, 18 de maio de 2010
E o Dio morreu.
Talvez seja algo relacionado à música - afinal nesse ínterim eu perdi outras pessoas muito próximas (nem vou comentar aqui o quão próximas para não escandalizar alguns) e nem foi assim tão deprex pra mim.
E falarei mais (possivelmente) no próximo post.
Olha o homem aí. Feio? |
segunda-feira, 10 de maio de 2010
A política de alianças no Parlamento Inglês - Aprendendo com o Brasil
Sem maioria parlamentar em um primeiro momento, inicia-se a política de alianças, emblematizada pela distribuição de gabinetes para o corrente período de governo, além de garantia de concessões nas pautas que serão discutidas e votadas em breve.
Como algum de vocês estão acompanhando, estamos em época de eleições para o Parlamento Inglês. E, pela terceira vez na história recente da Inglaterra (ultimos 500 anos - afinal, estamos falando em Inglaterra) temos um "Hung Parliament" (traduzindo: nenhum partido obteve maioria absoluta - condição sine qua non no Parlamentarismo Clássico, tendo em vista ser o partido majoritário quem indica o Primeiro-Ministro).
Mas, para os ingleses, nada é assim tão óbvio.
O primeiro grande problema é que, como já dito, os ingleses só viveram o fenômeno de possuir um "Hung Parliament" 2 vezes (sendo que na primeira, em 1885, ainda se tratava do parlamento britânico, o que incluía o ora complicado Irish Party). E assim, eles não estão acostumados com essa coisa de fazer alianças políticas (ontem pela manhã eu assistia na BBC uma entrevista da Editora-Chefe do Independent, um dos mais importantes jornais ingleses, e ela dizia exatamente isso, com uma face deveras perplexa: "a gente não sabe como lidar com isso, não estamos acostumados".)
E, se existe uma coisa que o inglês não sabe lidar, é com a improvisação, elemento este para nós tão natural (estaria eu enganado se dissesse que, de modo geral, nos é mais fácil improvisar do que seguir protocolos?)
Pois bem: Conservadores (os Tories) e Trabalhistas tentam, a todo e qualquer custo, uma aliança com os Liberais-Democratas para formarem um governo de coalisão, garantindo assim maioria no parlamento.
Os conservadores estavam, até ontem, bastante próximos de conseguirem tal acordo. Até que... o inesperado acontece: uma manifestação popular.
Juro pra você que eu chorei ao ver o vídeo acima - e principalmente ao perceber que não era simplesmente uma organização qualquer a protestar organizadamente, mas uma mistura de organizações não-partidárias e indivíduos de expressão semi-anárquica (tolos dos que relacionam anarquismo a baderna ou desorganização), um levante de pessoas que haviam votado em uma proposta política específica, e que não queria agora serem apenas, usando o jargão político inglês, "meat" - mero enchimento para um pacote de propostas que, de modo geral, eles não concordavam.
Conheço muitos PMDBistas históricos. Vi alguns balbuciarem contra a aliança com o PT, mas nada além de gemidos rotos.
Muitos de meus amigos que votaram no PT demonstraram-se chateados com as alianças estranhas e seu jogo de poder - mas não me recordo de nenhum deles se manifestando pedindo seu voto de volta (perdoe-me se tal frase não fizer sentido por aí - aqui na Inglaterra, ao menos daqui por diante, parece que faz).
Mas o erro deve ser dos ingleses. Espertos somos nós brazucas, que vivemos agora tantas experiências sobre as quais podemos bradar com todo fôlego: "nunca antes na história desse país". Bobinhos, ainda não entenderam que a tônica da política moderna é viver novas experiências. As alianças parecem espúrias, mas a experiência demonstrará que é nada mais são do que as sombras do
Como bem lembrou a Camila nos comentários do último post : existem alguns elementos que diferenciam a política brasileira da européia. E tais elementos, corroborando seus comentários, fazem toda a diferença.
Abração a todos!
André
P.S.: A próxima imagem é em memória daquela revista que tanto afirmou, há oito anos atrás, que o governo atual faria uma política anti-americana.
(e não perca de vista a presença do Lincoln, do Amorim e da Dilma)
domingo, 25 de abril de 2010
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Vulcão, Caos Aéreo e a ressurreição do Bug do Milênio
Primeiro, vamos aos fatos.
I
Surpreendentemente, o céu aqui na Inglaterra anda lindo.
Lindo, e silencioso.
Moro há cerca de dez milhas do Heathrow, o aeroporto de maior tráfego internacional de passageiros do mundo. Devido ao evento islandês, o Gigante encontra-se fechado, tal qual todos os outros aeroportos ingleses.
O mais assombroso é acompanhar o drama daqueles que, impossibilitados de utilizar a via aérea conforme planejado, buscam mecanismos alternativos.
Acompanhei hoje pelo rádio o relato de um grupo de 12 ingleses que alugaram um micro ônibus para conseguir ir de Veneza a Paris, enfrentando a seguir uma espera de 36 horas para comprarem tíquetes do Eurostar (o Trem de alta velocidade que interliga Londres-Paris via Eurotúnel). Cada indivíduo desembolsou 450 Euros para voltar pra casa.
Mais dramático era o caso de uma mulher cujo marido encontra-se em Israel, sem dinheiro para retornar para casa por qualquer mecanismo alternativo viável.
II
Há algumas semanas atrás, fiz com Luiza e Pérola (respectivamente filha e esposa) um bate-e-volta Londres-Veneza-Londres. Pagamos menos de cinco libras em cada passagem aérea (incluídas as taxas), e saímos daqui no sábado pela manhã para voltar no domingo à tarde, pois trabalharíamos na segunda-feira a partir das oito (e nem tínhamos como - $$$ - ficar mais do que isso).
Estava a me perguntar: Que alternativa teríamos, se acaso o Eyjafjalla houvesse soprado suas cinzas enquanto lá estivéssemos? Provavelmente procuraríamos uma Igreja (ou outra instituição qualquer) e pediríamos abrigo (e algumas roupas emprestadas, pois havíamos levado apenas uma mochila para os trës), e eu seria obrigado a arrumar algum trabalho (vulgo "bico") por lá (e teríamos potencialmente perdido o nosso emprego por aqui, ainda mais considerando que somos imigrantes recém-chegados - 18 meses - e que trabalhamos para uma agência).
Decerto estão muitos agora em situação similar.
III
Algumas rapidinhas.
1. Como eu disse: dramas à parte, sempre tive um grande desejo por viver momentos historicamente marcantes. E o que pode ser mais marcante do que esse súbito retorno (ainda que limitado no tempo e espaço) a um momento em que o movimento de pessoas encontra-se desprovido do espaço aéreo? limitado por elementos inexistentes, ainda que tecnologicamente viáveis? (vale dizer, movimento não só de pessoas. Hoje eu pude presenciar no Tâmisa algumas balsas com uma quantidade de containers muito acima do que eu costumo presenciar diariamente.
2. Encontrei ontem uma amiga que trabalha no SAC da TAM no Heathrow (que como vocês sabem, está fechado). Estava revoltadíssima porque, segundo suas palavras, todos os SAC´s das outras empresas estavam praticamente vazios - mas o da TAM estava lotadaço, com a brasileirada a reclamar indenização, alternativas, ou alguma outra espécie de jeitinho. É lugar-comum aqui entre os brasileiros o fato de termos mania de reclamar. Será?
3. As empresas aéreas inglesas que fazem vôos locais estão, tais quais as demais ligadas à Europa, amargando perdas sem-fim. Destoando da curva de perdas nos vôos locais encontra-se a Virgin, do genial empresário Richard Branson. O segredo: a Virgin Airlines faz parte do Conglomerado Virgin Group, que engloba também a Virgin Trains. Um colunista do Jornal The Guardian comentava hoje na Rádio LBC (London Biggest Conversations) que Branson está aproveitando a crise para expandir sua malha de ação e tentar oferecer serviços também no resto da Europa. Tentarei coletar informações a respeito, e comentarei em um post posterior.
4. Estou com a impressão de que o ar aqui está um pouco mais sujo. Palavras da Pérola (que é mais sensível para essas coisas devido às suas rinites, sinusites e outras ites): lembra São Paulo em dias poluídos.
Mas deve ser mera impressão;)
5. Deixo aqui algumas perguntinhas aos palpiteiros de plantão:
i. seríamos (para alegria de nós poucos e tristeza de muitos) uma geração destinada a inevitavelmente passarmos por um processo de ajuste infra-superestrutural? Afinal, nos últimos 20 anos tivemos em pauta pelo menos 3 eventos de caos iminente (o Bug do Milênio, a Gripe H1N1 e a Crise Economica - sem falar no sempre-presente Aquecimento Global ), ou estaríamos momentaneamente reféns de determinadas estruturas organizacionais (como a Telefonia, o Tráfego Aéreo, o Capital Especulativo e a Bioética)?
ii. Quais as chances de descobrirmos os efeitos de fato dessas cinzas apenas daqui a meses ou anos?
iii. As reservas dos sistemas públicos de saúde europeus mal se recuperaram dos custos da Gripe; sem querer ser alarmista, mas... será que dá confiar na índole das Agências reguladoras?
iv. Hegel, ao discutir Estética e discutir o conceito de Belo, justificou totalmente esse meu encanto pelas tragédias como o Katrina, os Tsunamis e afins. Será que isso me justifica, ou ando com muita maldade no coração? :-)
iv. À luz do caos aéreo brasileiro: acaso seria melhor guardar a lembrança de quando voar era uma opção viável?
Um abraço a todos!